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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O alfinete, a agulha e a linha





Na almofadinha de costura repousavam
A linha, o alfinete e a magérrima agulha
O alfinete convencido balançou a cabeça:
Õ magricela já sei que não sofres de gula


Õ lumbriguinha, maldita sorte é essa tua
Sem cabeça, já sei, deve ser tola e burra
Magricela me causas essa pena tão profunda
Um lado a ponta fina no outro um rasgo na bunda


Assim é essa outra, sem começo e sem ter fim
Sem pé e sem cabeça enrolada e bem fininha
Parece sempre doente, pobre e coitada linha
Até parece feita pra amarrar piolho de galinha


Ra ! Ra! Ra! Gostaram? Eu sou inteligente
Tenho corpo, tenho cabeça e bem sei pensar
Em cada roupa que fazem vou  ajudando costurar
E depois de tudo pronto volto alegre pro meu lugar


A linha e a agulha  tudo escutaram sem nada comentar
Mas as duas cochicharam: Deixa esse bobo pra lá
Amanhã quando vierem o vestido da rainha buscar
É um bom momento para fazer esse boboca escutar


O VESTIDO DA RAINHA VIM BUSCAR - gritaram -


A agulha, sorrindo, para o alfinete orgulhosa então falou
Alfinete não atas e nem desatas, o vestido da rainha costurei
E a linha vaidosa: Alfinete vou brilhar no vestido da rainha
Enquanto tu, pobre coitado, vais morrer nessa latinha.


José João

O clips





Imagine a folia do vento nos soltos papéis
Não fosse a humilde existência do importante clips?
Poetas, doutores, juízes, austeros senhores.
Para os poetas guardando rascunhos
Belos rascunhos de histórias de tantos amores.
Para os doutores receitas escritas velhas e novas
Em gavetas até já esquecidas
Para os juízes, processos em folhas escritas
Para o réu a soltura bendita, não foi presa no clips
O vento bateu, e coitado do réu a soltura perdeu.
Para os austeros senhores o clips se foi
Em bilhetes escritos à belas mulheres, amantes
Que guardam o clips prendendo o bilhete
Com seus diamantes.
Com o clips se prende a barguilha que o ziper partiu,
Na calcinha, no laço as vezes o clips serve de calço.
No sutien a alça partiu, segura com o clips, ninguém viu.
E o pobre do clips abrindo a perna ninguém lhe diz nada
No jornal nenhuma linha mesmo minguada saiu
Eu se fosse o clips mandava tudo pra puta que o pariu.


José João

O retrato





O retrato ainda está ali pendurado no tempo,
Um sorriso enigmático, olhos abertos,
Perdidos ao longe olhando não sei o que.
Talvez querendo olhar os anos passados,
Ou querendo lembrar momentos que se foram,
Que se perderam, que não voltam.
O retrato ainda está ali pendurado na sala
Com aquele mesmo vestido listado
Agora já bem mais velho e bem mais surrado.
O sorriso ainda é o mesmo, há quanto perdido
Aquele sorriso do "xiss" que não faz nunca sentido.
A casa do fundo do velho retrato no tempo colado
Foi demolida, as historias de vidas foram perdidas
Não foram mostradas nem ao menos escritas.
Esses retratos que fazem o tempo parar,
Nos rostos, nos sorrisos amarelos sem nenhum falar,
Esses retratos mostrando olhares no tempo perdidos
De donos que  esse mesmo tempo os fez esquecidos,
Esses retratos já amarelados em álbuns adormecidos
Cujos donos, quem sabe,  já tenham até morrido,
Me fazem ser um contumaz anônimo desconhecido.


José João

sábado, 15 de outubro de 2011

Um lugar





Ah! Que sonho! Sonhei com um lugar
Que nem em sonhos pensei que existisse,
Um lugar tão terno quanto lindo,
Tão meigo quanto doce.
Um lugar onde o tempo era formado
Por ternas nuvens coloridas
Que flutuavam mansamente ao sabor
Da vontade dos amantes,
Onde o ar era feito de partículas de amor
Tão perfumadas e enebriantes
Que se faziam sonhos de contos de fadas.
Que mundo diferente! Tão diferente
Que as poesias se deitavam no tempo,
Lindas como sempre são as poesias
E os poemas lhes faziam versos
Dadivosos, carinhosos jurando o amor
Mais puro que nunca havia existido.
As flores cantavam versos apaixonados
E a brisa docemente lhes fazia coro
Todos os horizontes eram coloridos
com por-do-sol que se formavam
Pela imaginação dos enamorados.
Que lugar lindo!!
Um lugar onde só os apaixonados
Podem ver e estar, por que é lá.
Nesse lugar que mora a felicidade
Sempre alegre, sempre risonha
Com aquele vestido colorido bordado
De estrelas e beijos, de sonhos e carinhos
Que lugar! Esse é o mundo dos apaixonados
O universo mais colorido de todos os universos
O Ternadiadoamorinfindo.


José João

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Visage visagenta





A h! qui visage visagenta


V ira a vida da gente
I  ndecente, indulgente
R uminando o não saber
G uiando em qualquer verso
U ma pausa de assombro na
L ocução que se quer ter
A h! Assombrosa assombração


José João
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