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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Eu, dentro de mim





Já andei sobre pedras pontegudas, afiadas
Dilarecendo pés, alma, coração e pensamentos,
Duras pedras e amorfos fantasmas vestidos
De pesadelos de perdas que a alma chora.
Caminhei sobre as sombras do que fui,
Caminhei sobre meus próprios escombros
Carregando solidão, dores e lágrimas
Mas ia sempre sem saber se o vazio
Estava dentro de mim, ou no mundo.
Caminhei por dias, por noites, por vidas até,
Sem me importar com a distância do horizonte,
Para mim todos os horizontes estavam bem ali...
Ali, onde ninguém foi, ali em lugar nenhum
Onde só meu pensamento doentio pela dor
Dilacerente que me rompia alma podia ver.
Deitei com as estrelas me cantando canções
Que não ouvia, com o luar me dando banhos,
Me afagando o corpo e eu não sentia.
Tudo foi ficando ainda mais triste, sem cor...
Minha voz se tornou um sussurrante gemido,
Ou a súplica de uma oração que ninguém ouvia,
Até tentava gritar, mas como num pesadelo
Nem eu mesmo me escutava, mas ia seguindo sempre
Até chegar aqui... aqui onde estou... aqui dentro de mim.


José João

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Coisas do pensamento





Não acreditava que o céu era assim... sem fim... um pedaço infinito 
de mim.


O céu? Deve estar bem aqui dentro de meu pensamento, em algum 
lugar dele que ainda não encontrei.


As palavras são encantadas, são mágicas, são emoções inteiras, ou 
pedaços de emoções, pedaços completos que num instante se fazem 
tudo, do amor à morte.


Conjeturar não basta,. é buscar formas irracionais tão comuns ao 
primitivismo humano que, entre sinais, leis e vaidades. se atribuem o 
domínio da razão.


Se sou nada sinto o gozo da procura do querer ser, se sou tudo 
sinto a angústia de não ter mais nada para ser e um dia ser apenas 
nada.


Viver é tão preciso quanto amar, chorar é tão preciso para viver. 
Saudade é um dom divino para lembrar momentos que não se deve 
esquecer.


O adeus é a existência perfeita para o amor poder valer... lembrar, 
cantar... chorar.


A vida é mágica,  faz a história alegre ou trágica, faz a gente parecer 
um carnaval de fantoches brincando de viver.


Desesperar é matar um pouco de mim a cada dia sem deixar sonhos 
para sonhar e... sem sonhos de que vale viver?


Mais difícil que o adeus é suportar a insuportável ausência de quem se 
ama.


Quando você se achar ridicularmente carente, sem ter nada pra sentir, 
quando até o pensamento você pede para calar, por que nesse dia é 
permitido apenas a vontade de chorar. CANTE.


Como Deus pode fazer... tão igual as desigualdades para que se viva 
num mesmo mundo?


Sofrer? De menos sei que ele é. difícil é sofrer sem guardar rancor. 
difícil é sofrer calado sem blasfemar, difícil é sofrer sem poder gritar.


Vê aquele velho rosto com rugas na frente do espelho? É o meu mais 
novo rosto.


F I M


José João

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Do som do mar ao céu profundo





A ponte que de teto se fazia
A quantos ali era abrigo
E choravam suas tantas dores
O que julgavam ser castigo


Ao som do mar ao céu profundo
Pobres, mendigos e vagabundo
De sonhos mortos ao tempo
Se viam a escória do mundo


Perdidos em seu próprio país
Como se um planeta distante
Em que um pão era milagre
Mas a morte uma constante


Mulheres crianças e velhos
Com lágrimas nos olhos eu vi
Solidários por tanta miséria
Dividiam a fome entre si


Enroscavam-se nas noites como sombras
Se dormiam, os pesadelos eram sonhos
E cada noite, que mais lenta se fazia
Cada um pouco a pouco mais morria


Com os ratos podres restos dividiam
E se perdiam no alvorecer da manhã.
Que outro dia diferente lhes seria?
Se a própria vida lhes era, agora, vã.


Hora do café saiam todos, em procissão
Em lentos passos pelo peso da miséria
Ainda assim, o mais depressa que podiam
Se não, para os ratos, o "fausto" café perdiam


Ferrenha luta com esqueléticos cães
Que pela fome de brabos se faziam
E as crianças... dividindo com urubus
Que como irmãos,  do mesmo lixo comiam


Infeliz vida, inverso de valores
Melhor que gente muitos cachorros comem
Que drastica decadencia humana...
O animal que menos vale agora é o homem!


Crianças em flácidos seios penduradas
Sugando da mãe o próprio sangue
Sugando a sifílis espermática
De uma sociedade "democrática"


Fedidas mazelas sociais e imorais
Não são os mendigos, os pobres demais.
São esses que bem se sabe porque
Se fazem manchetes indecentes de jornais


Falsos discursos de mentes apodrecidas
Que até da alma o brio já perderam
Em que as palavras se fazem meros perdidos
Por que nelas, verdade e honra já morreran


Até a justiça, mulher de pureza santa
Com um martelo de carvalho a ela também mataram
E para que não visse seus algozes, verdugos cruéis
Com a própria toga, coitada, os olhos lhe vedaram


Morta a justiça, e por terra, na sarjeta caída
Apenas velada por negros e por pobres
Que tristemente sucumbem a tantos preceitos
Tão forte que é esse tão infeliz preconceito


Se exilado sou no meu próprio país
Por ser negro ou pobre, não posso mudar
Mas quem sabe me guarde uma outra bandeira
De paz, mesmo não sendo esta brasileira?


De tanto a ouvi, até que um dia aprendi
Que uma tal de ventre livre um dia aqui nasceu
De esperança e liberdade houve um grito
Que atrofiado, coitado, logo que nasceu. Morreu


Então me ponho em luta e assim hei de gritar
Não por ser pobre ou negro, mas como herdeiro
De verdadeiros heróis que um dia aqui nasceram
Mas que não sei agora, se realmente foram brasileiros.


José João



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A eternidade dos espinhos





Levadas por tempestades de dores nascidas
Ou parídas, sem parto, sem sonhos, sem cor,
Quem dera tudo fosse sempre tão bonito
Na ternura de cores singelas, cor de amor
Com o frescor da alvura do lirio no campo nascido.
Ah! Quem dera ser toda beleza eterna!
A brisa cantando valsas desconhecidas
Embalando folhas, flores e sonhos,
Gorjeios em sinfonias desencontradas,
Em sons graves, agudos, mágicos
Como se todos os belos sons do universo
Nascessem de uma orquestra divina!
A beleza do mar cativo deitado na areia
Sussurrando versos que não se sabe onde aprendeu
O nascer do sol, lá no fim dos olhos, brincando de criança.
Quanta beleza! Cada dia um por do sol diferente,
E ele falando sorrindo: Amanhã vou voltar.
Mas que vida e que mundo! Quantas contradições!
Porque têm que existir a solidão? A dor? A saudade?
Mas já que existem por que não são passageiras?
Muitas vezes são eternas dentro da gente.
Sempre penso a vida igual a uma roseira
Como se a flor fosse o amor, a dor os espinhos,
As flores precocemente murcham, secam e caem
Mas os espinhos? Esses parecem não morrer nunca.


José João

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Demagogia social






Esses nefastos e imbecis temores,  pudores
Que levam a tentação de não viver,
Fazem o medo ser mais forte que a vontade,
De ir, de gritar, de ser, de querer
Esse pudor que sufoca, que oprime,
Esse pudor ditado por uma sociedade
Demagoga, imoral, moribunda de valores éticos
Querendo se fazer detentora de virtudes.
Senhoras "beatas" trepando em bordéis,
Insultando quem mora nos cabarés,
Senhores "austeros" doutores dando o cú em moteis
E depois ditam leis se fazendo de homens,
Que vão em missas confessar seus temores
De senhores sérios, cristãos e ... fiéis.
Chega de frescura, de faniquitos sociais
Da demagogia das leis e dos poderes
Tudo se tornou trocas ocasionais
Chega de demagogia,  tudo isso sempre existiu
E para sempre vai existir, sempre estar e transgredir.
Caras fechadas, caras viradas para as verdades da vida
Pobres coitados, fingidores, margaridas.
Chega de orações fingidas, ladainhas perdidas
O mundo é isso, sempres foi isso e será sempre isso.
Donzelas, pudicas "beatas', loucas para trepar num curtiço
E os  "zelosos" doutores, sentando no colo de negões sedutores
Depois na igreja pagando penitências como se orações
Lhes devolvessem seus falsos pudores.
Ainda criam leis que a eles defendem. Doutor sempre pode
A maoria , que são os sem ternos, sem nó, sem gravata
Ah! Essa, essa, coitada, se fode.


José João

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um pedaço de Jesus





Maldizer a sorte no livro escrito,
Ou no silêncio calar a voz ?
Ser divino, ser Jesus, ser proscrito
Ou ser homem como tantos nós?


Calem-se para que o silêncio nada diga
É melhor que mentir e fazer outro Jesus
Que filho do homem, se fez homem se fez vida.
E como santo que santo foi morreu na cruz


Ó dor que lhe rasgou a carne. "Divina dor"?
Que lhe fez gritar: Pai porquê me abandonaste?
Lágrimas, no rosto, lhes caiam sem pudor
Mudo perguntava: Sou , na verdade, o filho que criaste?


Qual dor a este Cristo é mais cruel? Da carne?
Ou do jamais ver o que era seu?
Nos lábios o gosto amargo do maldito fel
Na mente o doce gosto do beijo que ela deu.


E tu, Madalena. diz-me como a Ele tanto amaste?
Diz-me que dor choraste ao ve-lo na cruz?
Que grito ao mundo gritar ousaste?
E a quem pesrmitiste criar o filho de Jesus?


José João

O Jesus que o homem pintou





A humanidade se fez tão pequena
Que pintou Jesus diferente
Como se Ele não fosse belo
Não seria Jesus, não faria milagres
Não seriamos gente.


A humanidade é tão perigosa
Que se fez de inocente, se fez de criança
Para fazer de um Deus que seria esperança
Um pop star cabeludo, loiro e de trança
De olhos azuis como rica herança


A humanidade se fez de onipotente
Roubando um gene de Deus e fazendo outra gente
Pegando uma alma vazia e quase demente
Jogando num corpo amorfo por tão dormente
Fazendo de Deus e da  vida seres indiferentes


O caos e a humanidade entre si se confundem
As almas vazias se viciam em prazer
De brincar de fazer, brincando de Deus
E Deus que não sei onde está parece esquecer
Que de sua existência dependia o nascer.


José João

Choro também



Choro como choram as cordilheiras,
Como choram os alpes, com suas lágrimas
Dolirídass do gelo derretido,
Que desliza entre as entranhas da montanha
Como se fosse sangue, um sangue branco,
Triste, imaculado,
Choro, como choram as geleiras
Que perderam o brilho de diamante
No reflexo do sol que se fez carrasco.
Choro como choram as florestas.
No suspiro suplicante das árvores
Levado a esmo pelo vento.
Choro pelo mar que se afoga
Em suas próprias águas, vindas do gelo
Que se quebra como se fosse pesadelo.
Choro como choram a crianças
Tristes, famintas, heroinas notáveis
Que apesar da fome insistem em viver.
Choro por todos eles, os inocentes
Que sucumbem lenta e friamente
Sob o olhar impiedoso do homem
Que como carrasco do mundo
Um dia será sei próprio verdugo.


José João

A cerimônia





Cantem pássaros, flores, estrelas, cantem.
Cantem que outro sol mais forte se levanta,
Que o tempo outrora triste até se espanta
Ao ver o sorriso que estava chorando, sorrir outra vez
E a alma que, cabisbaixa, no espaço andava tristonha
Correu de alegria, pulou sobre o tempo
E alegre dizia: Milagre, milagre, voltei a viver.
Até o amor que andava perdido não se sabe por onde
Voltou correndo pedindo para o vento ser mais ligeiro
E o vento de pernas compridas corria o mais que podia,
E o amor quase louco, com jeito caboclo, sorriso maroto,
Incitava o vento a correr mais e mais
E o vento corria em harmonia com a alegre alegria
E a saudade surpresa sentada no chão nada entendia,
Finalmente o vento chegou e dele desceu o amor,
Subiu num palanque armado nas nuvens.
Baixinhas, que estavam bem perto do chão,
O amor com um olhar caridoso abrindo os braços,
Pedindo silêncio a todos falou:
Finalmente caros amigos, depois de muito, agora cheguei,
Andei por aí, descalço e perdido como peregrino
Que não tem onde ir. Finalmente um dia ouvi
Que haviam dois corações procurando por mim,
Até me espantei, é outro boato, foi o que pensei,
Mas ao ver a alegria pulando alegre me preocupei
Percebi a verdade e correndo  com o vento aqui eu cheguei,
Até percebi o sol mais alegre, as flores mais belas
E todas as nuvens abraçando o sorriso e sorrindo também
Finalmente, então meus amigos, alguém se quer bem.
O amor, com um jeito solene, um fraque de estrelas vestiu
Pedindo desculpas pela falta de jeito, disse explicando,
Está meio apertado, faz tanto tempo que não visto essa roupa,
Não havia motivos  e nem corações procurando por mim.
Agora, que venham aqui os dois corações,
E os dois corações se olhando sorrindo se aproximavam,
Tão felizes estavam que não viram um pedaço de nuvem,
E nele tropeçaram, caíram, todos sorriram  até o amor
Que com um sorriso discreto olhando para o lado fez que não viu.
Os dois corações meio sem jeito se levantaram, bateram as mãos,
Se aproximaram e o amor com um laço de beijos
Enfeitado de estrelas aos dois enlaçou, e os suspiros
Que estavam nos lábios dos dois finalmente suspiraram.
Outra vez o amor com a alegria na voz disse:
Eu os declaro apaixonados e para sempre.
Todos bateram palmas, terminada a cerimônia...
A festa começou.


José João

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Rotina








Ainda quase madrugada, ela,  de mãos macias, sedosas
Me percorre lentamente o corpo, sussurra em meu ouvdo: Acorda
Ou com um beijo macio ou mais ousado ainda se der tempo
De acontecer. Que rotina!! todos o dias tenho que acordar.
Ela sempre gostou, me acompanha até o banheiro,
Banhamos juntos todos o dias, ela me ensaboa o corpo,
Faço o mesmo naquele corpo cheio de curvas. Lindo!
Por vezes o sabonete cai de sua mão... sorrisos,
Carícias leves ou ousadas. Que rotina, todos os dias
Tenho que tomar banho pela manhã!
Para o café já somo tres a minha menor toma café conosco
Que bom! No olhamos nos olhos, nossas mãos se tocam,
Nossos pés roçam por sob a mesa. Que rotina!
Todos o dias tenho que tomar café.
Finalmente no portão, dois beijos, um nela outro na menor.
Não vou no mesmo ônibus de ontem, quero ver outras pessoas,
Outras ruas, enfim é bom mudar.
Voltar pra casa, que bom! No portão já me esperam
Beijo as duas e entramos, ela me ajuda a tirar a camisa,
Abrir o cinto... olhar malicioso, a outra vem me trazer o chinelo,
Vamos tomar banho os tres, no sentamos sob o chuveiro
Brincamos, rimos, a menor logo sai, ficamos os dois, nos tocamos,
Nossos corpos se juntam, abraços, beijos. Mas ela diz:
"Prenuncio pra noite". Nos enchugamos juntos, que gostoso!
Mas que rotina! Todos os dias tenho que tomar banho
Ante de almoçar. Voltar para o trabalho,
As duas me deixam no portão, beijos, abraço e lá vou eu.
Vou agora em outro ônibus, é sempre bom mudar.
Na volta pra casa a ansiedade, ela me disse no banho:
"Prenúncio pra noite". As duas me esperam no portão.
Beijos, a menor pula em meu colo me conta quase sem respirar,
Com palavrinhas inocentes seu dia na escola; A maior
Me pega pela cintura e entramos, sentamos no chão
Vamos o tres brincar. Ei! hora do jantar! Nos lembra a menor.
Ajudo a colcar a mesa, sentamos os tres, jantamos,
Nos olhamos, sinto seu olhar de intenso amor e desejo,
Nossos pés se roçam por sobe a mesa, momento mágico.
Lavamos a louça, brincamos aquele short curto me agita.
Na sala vamos os tres conversar, mas logo a menor me pede:
"Papai quero dormir, me ajuda a rezar". Vamos o três
Ela dorme como um anjinho, dorme tão lindo, ficamos os dois.
Vamos tomar banho para dormir, começamos o que dizem banhar,
Carícias mais fortes, desejos violentos, beijos como o primeiro,
Terminamos o banho, nos enxugamos a dois. Que rotina!
Todos os dias tenho que tomar banho antes de deitar.
Ela veste a camisola sem nada por baixo, põe um disco,
Deixa a sala a meia luz, duas taças, vinho, vamos "conversar",
Sentamos no tapete, nossas vontades se juntam
Que amor! Que gostoso! Nossos corpos em apenas um
É como se fosse a primeira vez. Ela adormece risonha,
Levanto-a no colo e a ponho na cama. Que rotina!
todos os dias tenho que dormir. Vou no quarto ver a menor
Volto, vejo a maior dormindo tranquila, me deito a seu lado.
Seu corpo macio é  quente, é gostoso, é de seda, é de mulher.
Pela manhã suas mão macias me percorrem o corpo, 
Me abraça,  me beija, me suga e sussurra: "É hora de acordar".
Que rotina! Todas as manhãs tenho que acordar.
Uma rotina de tanto tempo mas que não quero mudar...


José João
´





As vezes eu penso...

                               As             vezes            eu
                               Penso              e             penso            certo
                               Outras                            vezes                  eu
                               Penso                                                       p
                                                                                                  e
                                                                                                    n
                                                                                                      s
                                                                                                        o
                             
                               As              vezes           eu
                               Penso                o           mundo              certo
                               Outras                            vezes                       eu
                               Penso                 o          mundo                     p
                                                                                                       e
                                                                                                         n
                                                                                                           s
                                                                                                             o

                               Mas                  eu        sempre                penso
                               Penso            certo               ou                           p
                                                                                                            e
                                                                                                              n
                                                                                                                s
                                                                                                                  o

                                Mas                  eu                                  sempre
                                                                                             p e n s o
                                                                                             o s n e p
                                                                                             p e n s o
                                                                                             o s n e p
                                                                                             
                                                                                             
                                                          
                                                                                                                     

Brincando de fazer lágrimas





Ontem brinquei de fazer lágrimas,
Fiz lágrimas de solidão, lágrimas de saudade,
Lágrimas de tristezas, fiz até lágrimas sorridentes,
Estas pelas lembranças de amores vividos,
Sentidos, amores que me fizeram sorrir.
Brincar de fazer lágrimas é brincar diferente
Quase todos fazem as lágrimas iguais
Fazem as mesmas lágrimas para qualquer dor
Eu não, minhas lágrimas sabem seus motivos.
Enquanto muitos sofrem para fazer suas lágrimas
Eu brinco de faze-las, assim como um artesão
Que transforma com as mãos o pensamento em beleza
Que é vista com os olhos, eu transformo minha dor
Na beleza reluzente dos meus próprios olhos
Quando neles as lágrima saem efusivas
Na quantidade certa da emoção que minha alma sente
Minhas lágrimas saem por felicidade, rarissimas vezes,
Por tristezas, solidão, saudades, até por sonhos
Que não sonhei, saem por dores alheias
Saem até por dores que nunca imaginei.
Quase sempre brinco de fazer lágrimas, muitas lágrimas
Por dores sentidas, ou por dores que nunca chorei.
Fazer lágrimas é brincar de brincar diferente
Fazer lágrimas é como brincar de ser gente.


José João





terça-feira, 9 de agosto de 2011

Zelo





Te guardo dentro de mim com tanto carinho
Que por vezes te percebo comodamente dormindo,
Nem respiro para não te despertar o sono,
Até te faço belo sonhos e te canto hinos
Que os anjo me ensinaram para poder te ninar.
Te guardo como flor, bela e frágil
E até não permito, embora precises, talvez,
Que borboletas te pousem nas pétalas,
Suguem teu nectar, como a te beijar,
Meu amor egoísta grita: Este nectar é meu.
Trancei, paciente, cordas de nuvens,
Depois as tingi cor do ocaso, sol poente,
Fiz assim uma rêde, tão fina e tão leve
Que a mais leve brisa te embala sorrindo.
Sussurrando canções que ensinei o vento cantar.
Te guardo dentro de mim com tanto carinho
Que até pedi para o meu coração bater de mansinho
Caso  queiras, deitada em meu peito, dormir e sonhar.
E a noite? Quando velo teu sono? Dormes sorrindo.
E um raio de luar mais ousado, pela janela entrando
Te cubro depressa por que esse corpo só eu posso olhar.
Ah! Como te guardo dentro de mim!
É tanto  meu zelo que deitei o arco-iris
Por onde  passas para que não sujes os pés
É tanto meu amor, querida, que tudo isto ainda é pouco.


José João

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Demência ou loucura?





Quero andar no universo buscando mundos
Ou quem sabe procurando por mim mesmo?
Num universo que não grita, seus lábios mudos
Fazem a mim e a alma pensarmos: Seremos  surdos?


Voo entre estrelas traçando perdidas rotas
Com os cometas percorro vias desconhecidas
Vejo galaxias moribundas e outras até já mortas
Que nem viveram para poderem ser esquecidas


Vou entre largos e  profundos rios de lavas quentes
Num vazio espaço que nem sei se espaço é
Como se corpo e alma em mim fosssem dementes


Fazendo, por força estranha, aquilo que não se quer 
E os gritos de lábios mudos num silêncio de inocentes
Se confundem com os pesadelos de mentes assim doentes


José João
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