Eu! Eu já cai tantas vezes, tropeços e quedas
Empurrões que o próprio destino me deu,
De tudo fiz lições, até me fiz mais forte,
Se a ventania vai pro sul, daí eu vou pro norte
Porque o vento é meu amigo, varre meus caminhos
Me deixa que os marque mesmo de pé descalço
Não me deixa que pise, descuidado, nos espinhos
Me muda a rota se sente o cheiro de algum falso
Caminhei entre pedras, feri os pés, feri o coração
Cantei rezas sem fé, me perdi em estreitas veredas
Cantei ladainhas e quase sem voz, murmurei oração
Que gritavam, insultavam, esse fantasma, a solidão
Abraços pedi nas noites compridas por tão frias!
Conversei com sapos, me cobri com pesadelos
Fiz versos tristes onde a alegria cabisbaixa chorava
E a lua indiferente, impassível, pra cá nem olhava
Seguia só, mesmo com medo do escuro da noite
Mas preferia, a fazer-me acompanhar de covardes
Que ajoelhados, choravam com medo do açoite
E juravam fazendo de mentiras perversas verdades
Como se fossem trapos de homens, almas vazias
Caídas, perdidas no escuro de infeliz existência
Rolavam entre as calçadas cuspidas nas coxias
E murmuravam seus pecados pedindo por clemência
Preferia ir só, e ia, mesmo sem saber pra onde ir
Mas haverá de ter em algum lugar, um lugar de luz
Pois não quero minha alma escondida e nem junta
Com aqueles que mataram a ainda hoje matam Jesus.
José João
26/09/2.014
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